Murro em Ponta de Faca

Depois de realizar ensaios abertos no Festival de Curitiba de 2011 e temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo, o público terá mais uma oportunidade para ver o espetáculo "Murro em Ponta de Faca", que se apresenta no projeto Sesi Teatro neste mês. A peça conta a história de um grupo de exilados brasileiros, na época da ditadura militar, nos anos 70, em sua trajetória pelo Chile, Argentina e França.

A montagem foi realizada pela primeira vez em 1978, por Paulo José, que novamente está à frente da direção nesta nova versão, com realização do Espaço Cênico, de Curitiba. A produção de trinta anos atrás foi uma maneira de Paulo José lembrar o amigo exilado Augusto Boal, que desenvolvia seu trabalho em países vizinhos. Em 2011, a convite do Espaço Cênico, Paulo retomou o texto e se surpreendeu com a atualidade das questões tratadas.

A dura realidade do exilado, que permeia todo o trabalho, é também a responsável pela atualidade da peça. "Hoje ainda observamos, mundo afora, muitas pessoas sem pátria, sem porto, sem identidade, claro que em outro contexto, mas nem por isso menos exiladas". Paulo José ainda afirma que não foi preciso fazer nenhuma alteração no texto, escrito como se a história ocorresse nos dias de hoje, em "linguagem coloquial e contemporânea". As personagens de Boal - vividas neste espetáculo por atores curitibanos, reunidos especialmente para este trabalho - são típicas e de perfil universal. Paulo José afirma que esta nova versão de "Murro em Ponta de Faca" tem uma forte carga emocional, ainda mais intensa que a primeira, "talvez porque o contexto político não esteja tão próximo, dando lugar também aos dramas existenciais".