Kaza | Santo Antônio da Platina

O espetáculo teatral, Kaza, trata de pessoas em situações extremas. Pessoas como eu ou você, com suas vidas ditas normais e que subitamente perdem tudo o que têm, tudo o que construíram. Kaza retrata o drama dos refugiados que querem, acima de tudo, um lugar para viver. Kaza é sobre ter que partir, sobre perda e em como sobreviver a isso. Perder a família, um filho, a terra, a cultura. Ser obrigado a deixar seu país, sua cidade, a língua natal, o emprego, a casa. Sua história, seu passado e tudo o que nos representa. Os planos para o futuro, o sonho e a esperança. Perder o chão, perder o norte. Sobre morrer e renascer. Ou morrer em vida.
Também sobre incomunicabilidade, sobre como expressar a dor. E finalmente, como tudo isso transforma seres humanos em invisíveis, marginais, estrangeiros. Esse pequeno conjunto de fatores incontroláveis que torna o humano não humano.
Não queremos falar sobre situações de guerra apenas, ou de exílio. Estamos repletos dessas imagens, estão muito vivas para todos. Mas guerras, êxodos, migrações em massa e genocídios existem desde o princípio do mundo. Também desastres naturais e não naturais, que a tudo destroem. Vulcões, deslizamentos, bombas nucleares, terremotos, quedas de barragens e usinas hidrelétricas. Pobreza também, basta ver a multidão de invisíveis que vivem nas ruas da nossa cidade. Os sem teto, sem casa.
E o que sobra, quando perdemos tudo que amamos? Quem somos, sem aquilo que amamos? Isso é uma questão. Pode-se falar em superação, em reconstrução, transformação ou em transcendência. Em perspectiva. Ou em um nada perene. Não temos essa resposta.

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