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Metodologias ativas: qual é a importância no processo de aprendizagem?

Entenda o que são as metodologias ativas de aprendizagem, os princípios básicos e a aplicação nos Colégios Sesi do Paraná

28/03/2024

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Pesquisando sobre escolas para os seus filhos, é provável que você já tenha esbarrado no termo “metodologias ativas de aprendizagem”. Você sabe o que são?

As metodologias ativas são estratégias que incentivam os estudantes a serem protagonistas do próprio aprendizado.

De que forma? Por meio da resolução de problemas e situações de aprendizagem que estimulem o pensamento crítico quanto o pensamento criativo e a autonomia para propor soluções a partir de debates e participação ativa.

 

Metodologias ativas ajudam no processo de ensino-aprendizado

Existem vários tipos de metodologias ativas, como gamificação, sala de aula invertida, aprendizagem baseada em resolução de problemas, cultura maker, entre outras. Em todas elas, é possível observar alguns princípios básicos:

  • O estudante como figura central, fazendo dele o protagonista desse processo de aprendizagem, incentivando a autonomia, o pensamento crítico e a criatividade;
  • Trabalhar em equipe é um dos pontos principais das metodologias ativas de aprendizagem, pois promovem o desenvolvimento de competências relacionais e socioemocionais (soft skills) necessárias para a educação no século 21, estimulam ambientes de debate e a troca de ideias, considerando a cultura e o repertório de cada um;
  • Buscar soluções para problemas reais também pode ser considerado um desses princípios, uma vez que é importante refletir sobre a realidade para colocar em prática as teorias e conceitos, desenvolvendo, assim, as competências e habilidades cognitivas;
  • O professor é um mediador do processo de ensino e aprendizagem. Assim, em vez de manter a imagem do professor que sabe tudo, as metodologias ativas oferecem a visão de um professor que incentiva, dá suporte, problematiza e provoca a construção de novos saberes.

Em 2005, no Paraná, uma metodologia ativa de aprendizagem chamou a atenção: Oficinas de Aprendizagem, desenvolvida pela educadora Márcia Rigon. Com essa metodologia de aprendizagem baseada em resolução de problemas, aplicada nos Colégios Sesi do Paraná, é possível entender como a abordagem, já no início, trazia a aprendizagem com foco no desenvolvimento de competências e habilidades.

 

Como funcionam as Oficinas de Aprendizagem?

As Oficinas de Aprendizagem nos Colégios Sesi são ofertadas a cada trimestre, com diferentes temáticas definidas a partir dos conteúdos previstos para as áreas do conhecimento. Os estudantes escolhem os desafios que querem resolver no trimestre e, a partir dessa escolha, são subdivididos em equipes.

 

 

Os desafios para as Oficinas são elaborados pelos docentes, que consideram os objetos do conhecimento, as competências e habilidades previstas para as diferentes áreas do conhecimento, que são conectadas de forma interdisciplinar, buscando a transdisciplinaridade para a construção de novos saberes ao resolver o desafio proposto”, explica a analista de Educação, Flávia Brito Dias.

Assim, os estudantes aprendem a investigar, a dominar diferentes formas de acesso à informação, a desenvolver a capacidade crítica de avaliar, a reunir e organizar as informações mais relevantes. A intenção do tema proposto no desafio da Oficina de Aprendizagem é, também, provocar mudanças significativas na visão de mundo dos estudantes.

Cada área do conhecimento contribui para responder ao desafio, permitindo a construção de uma teia de conhecimentos que atendem às necessidades curriculares previstas para a formação do estudante na educação básica, conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Como o foco da aprendizagem é o desenvolvimento de competências e habilidades, os estudantes são formados para atender aos desafios de avaliações e situações do mundo do trabalho, ou avaliações em larga escala, como o Enem.

Toda oficina prevê um fechamento do trabalho, no qual os estudantes apresentam as discussões, as possíveis respostas, conclusões ou soluções. A partir disso, é possível identificar a execução da pesquisa, definição de estratégias, planejamento de processos, aprendizado com os erros e a construção de conhecimento de forma global e significativa.

 

Confira o exemplo de uma Oficina de Aprendizagem

Oficina de Aprendizagem:

Gramixó – Colégio Sesi da Indústria de Capanema

Segmento 4:

Representações / Relações Naturais e Sociais

Eixos:

Protagonismo;

Indústria;

Representatividade.

Componentes curriculares:

Filosofia, Português, Inglês, Cooperativismo e História.

Física, Geografia, Filosofia, Arte, Química e História.

Matemática, Arte, Educação Física e Cooperativismo.

Justificativa:

O mundo e sua composição populacional têm tantas riquezas e diversidades que as pessoas desconhecem vários estereótipos, grupos étnicos, sociais e culturais. Diferentes comunidades humanas, com concepções variadas e vivendo em locais e paisagens distintas, algumas com afinidades linguísticas e culturais, outras nem tanto, mas que, em sua essência, apresentam riquezas de conhecimentos, crenças, arte, moral, leis e costumes que diferenciam cada uma. O mundo é rico em costumes e cultura.

As práticas alimentares constituem o elemento identificador de uma cultura que permanece por mais tempo no imaginário. Nas alternativas de consumo emergentes, a gastronomia é a representação materializada da identidade territorial, étnica ou cultural a qual identifica uma região, território ou comunidade pela sua produção agroalimentar, sua gastronomia, seus modos de fazer. Dessa forma, esta Oficina de Aprendizagem busca ampliar conhecimento da pluralidade cultural e gastronômica do município de Capanema.

O significado de “gramixó” está ligado à produção de açúcar mascavo no interior da Amazônia, entre o fim do século 19 e início do século 20. Gramixó é como os caboclos chamam o açúcar mascavo.

Desafio proposto:

Como a produção do melado influencia na indústria alimentícia do nosso município?

Objetivos:

Reconhecer a identidade gastronômica do município de Capanema;

Usar o preparo de pratos à base de melado como símbolo dos diferentes conhecimentos, seja do ponto de vista biotecnológico, sociológico e cultural;

Aprender a manipular a linguagem do meio científico, utilizado em vários conceitos culturais e gastronômicos, adequando-se a metodologias e as diferentes formas de consumo, preservando a diversidade e a identidade cultural.

Relações com as diferentes linguagens a partir do desafio:

Livro de literatura: Dom Casmurro

Livro de leitura geral: Pai rico, pai pobre

Filme: Pegando fogo

Obras de arte: quadros da artista Daiane Mari Chibiaqui

Outras atividades: Degustação de pratos à base de melado e roda de conversa com vários segmentos do melado (nutricionista, agricultor, empresário, feirante); Visita técnica à Prefeitura de Capanema, para conhecer os quadros de Daiane Mari Chibiaqui que retratam a vida e a produção de melado no município.

Avaliação:

Ao longo do trimestre, os estudantes foram avaliados pela equipe docente, pelas habilidades e competências desenvolvidas nas áreas de conhecimentos que contemplam os objetos de aprendizagem, tanto de maneira individual, quanto coletiva.

Finalização:

Os estudantes produziram uma cartilha [baixe a cartilha aqui] com o histórico do melado no município, conectando os conhecimentos a indústria local, fizeram uma roda de conversa com convidados, como o prefeito e o secretário de agricultura e produziram um prato levando o melado de cana como produto principal.


Ciclo da produção de melado


Panqueca de melado, produzida pelos estudantes