Texto elaborado a partir do feed de notícias do Facebook e reportagens "linkadas" de postagens da rede social. A proposta faz um panorama da troca de informações nas novas mídias e também de como a tecnologia está afetando a comunicação de massa, refletindo a atual Sociedade da Informação.
Três atores em cena, a ambientação reúne poucos elementos como cadeiras, mesas de apoio e suportes de partituras. Durante a encenação, os atores folheiam o texto enquanto executam uma ação bastante específica, empanturrando-se de notícias, conteúdos díspares que vão desde receitas de culinária a manchetes de conflitos mundiais, passando por reportagens inusitadas e escabrosas. O difícil é ficar distanciado do que se vê em cena. A execução das ações envolve o público e o conduz numa trajetória vertiginosa.
A produção é da Crisálida Cia de Arte, texto e direção de David Mafra, com as presenças de Jo Martinez e Marcilene Moraes em cena e a participação especial de Moa Leal, ator convidado.

Quarta-feira, 25 de março

Ali. À beira do. Lago.
Uma mulher que foi. Uma mulher que ficou.
Um vizinho pianista. E seu cão.
Memória e pensamento, passado/presente.
Fotografias. Solidões. À beira do.

Quinta-feira, 26 de março

Um dia alguém se perde... E se alguém perder um dia?! Quando você não se encontra... E alguém diz ESTÁ AQUI! Aquele tempo recheado de brincadeira, aquela brincadeira repleta de magia e a mágica de ser aquilo que se encontrou. 
Este encontro nos faz brincar por diversas situações de perda. (E assim jogamos).

Sexta-feira, 27 de março

Em um espaço confinado, um homem espera uma mulher que nunca viu. Uma mulher aguarda de maneira obsessiva o toque que nunca teve, do homem que nunca apareceu. Um menino conta a história de demônios em forma de macacos que os trancaram neste lugar. Fome, sede, violência, sexo. A experiência dos instintos primitivos na sua plenitude em uma situação extrema. Uma segunda mulher aparece e tem a oportunidade de sair. Onde é mais seguro?

Sábado, 28 de março

Jacó havia feito um guisado quando Esaú chegou do campo...
O embate entre os irmãos Esaú e Jacó serve de plano de fundo para a narrativa que se desenvolve, entretanto, por um viés paralelo ao enredo bíblico, que está concentrado estritamente no ponto de vista de Jacó. Edom articula um caminho possível, o qual Esaú, ao se ver distante das bênçãos da primogenitura, possa ter trilhado. 

“Um sentimento estrangeiro toma conta daquilo que posso chamar de eu e sou visitado por uma certa aridez na altura do peito...”

Domingo, 29 de março

O espetáculo se debruça sobre ossos sem nome, mas que falam: e que insistem em existir nos corpos daqueles que ficaram, os corpos dos filhos de uma geração marcada por um embrutecimento político que ecoa, até hoje, na maneira como nos relacionamos com o país e com nossas memórias. Câmera Escura é sobre alguém que desapareceu e a partir dessa ausência, sobre quem fica. Sobre as lacunas de uma história marcada por desaparecimentos – e esquecimentos. Sobre a falta que nos move.

Segunda-feira, 30 de março