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Depois de mais um ano de sala de aula, chegou a hora de os alunos do Núcleo de Dramaturgia do Sesi/PR mostrarem as peças que estão criando. A mostra do grupo começa hoje à noite, com o espetáculo Gafanhoto, com texto de Paulo Zwolinski e direção de Don Correa, às 20 horas, no Teatro José Maria Santos.
Em seguida, a atriz Georgette Fadel faz uma palestra em que abordará um pouco da peça de estreia e de sua experiência com o teatro pós-dramático (não baseado em diálogos nem numa narrativa com começo, meio e fim).
Gafanhoto tem como tema principal a morte. O texto fala de três figuras que se encontram numa casa de campo – numa situação terrível. Um doente terminal é atendido por sua mulher quando um invasor entra na casa, a violenta e mata, sem que o marido possa reagir.
“A ideia da invasão de gafanhotos numa plantação vem a calhar, porque são insetos que chegam, passam e vão embora, mas destróem tudo por onde passam”, explicou Correa à Gazeta do Povo.
Diferentemente de outras peças escritas no núcleo, em que a narrativa é aberta e fica a cargo do espectador dar forma à história que está sendo contada, aqui o núcleo de ação é bem claro. Lado a lado com a violência, surge a sexualidade inconsciente: tanto a mulher que é violentada quanto o homem que se torna um voyeur involuntário sentem prazer com o ato. “É como se a peça fosse contada do ponto de vista da morte, que é a conjunção de vozes que integram o texto”, acrescenta Correa. O resultado é descrito por Alvim como “inacreditável, uma obra-prima”.
“Nata”
Nos outros 11 dias de mostra, que vai até o dia 15 de dezembro, será apresentada a “nata” da produção do núcleo. Na primeira semana ficaram concentrados os espetáculos com “nível de formalização estética mais maduro”, trabalhos “exemplares de uma invenção radical”, nas palavras de Alvim, que conversou com a reportagem. Na segunda, os textos também lembram a dramática “do transumano”, que é a linha criada e desenvolvida por ele.
Dos quase 150 textos já escritos no núcleo nesses cinco anos de existência no Paraná, 16 encenadores, que também cursam o núcleo, na modalidade de direção, escolheram suas preferências, com supervisão do coordenador Roberto Alvim.
“Todos os textos têm em comum a tentativa de inventar sistemas cênicos novos, desconhecidos, que embaralhem as funções usuais da dramaturgia do drama clássico, como personagem e conflito. E isso forçou os encenadores a criar respostas cênicas da ordem da invenção.”
Frenesi, de Raquel Schaedler, também aborda as facetas mais obscuras da sexualidade e suas pulsões e ditames culturais.
Em Coração de 29 Polegadas, as atrizes Fernanda Perondi e Moira Albuquerque encarnam um texto poético sobre o instante antes da morte e a antevisão da eternidade.
Palestras
Além de Georgette, que abre a série de debates hoje, o ator Luis Melo e o diretor Marcio Abreu fazem uma participação especial na mostra no dia 7, às 21 horas.
Outra iniciativa formativa do núcleo é a oficina de crítica que começa hoje, às 14 horas, no centro cultural Heitor Stockler, do Sesi. A ministrante será a jornalista Luciana Romagnolli. Outra atividade voltada à crítica será a publicação de resenhas dos espetáculos, escritas por Soraya Belusi e republicadas pela página on-line da Gazeta do Povo.
Fonte: Gazeta do Povo, 2013.
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